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8 º Congrejufe: uma análise crítica

Atualizado: 9 de mai. de 2018


Da esquerda para a direita, os Oficiais de Justiça Fúlvio Luiz, diretor jurídico da ASSOJAF-GO, Heitor Paim Farias Júnior, diretor suplente da associação e Gilvani Ferraz Torres de Carvalho, vice-presidente do Sinjufego

(*) Fúlvio Luiz de Freitas Barros


Entre os dias 26 e 30 de abril, além das primeiras horas do dia 1º de maio de 2013, foi realizado o 8º Congrejufe sob a desconfiança de boa parte da categoria pelas recentes derrotas dos servidores do Poder Judiciário Federal e do Ministério Público da União no tocante às suas lutas por melhores condições de trabalho e remuneração junto ao Governo Dilma.


Nesse congresso, mais uma vez a pauta não foi respeitada e o “Plano de Lutas da Categoria” foi transferido para a próxima Plenária sob o pretexto esdrúxulo de que não houve tempo para apreciá-lo. Na verdade, o que houve foram manobras odiosas das duas alas majoritárias da nossa triste Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Federal e Ministério Público da União – triste porque o seu escopo está sendo desviado para interesses meramente políticos em meio a profissionais sindicais disfarçados de servidores públicos da PJF e MPU – em protelar o início dos trabalhos a cada dia ou intervalo, com o objetivo puro de esvaziar o plenário, deixando de lado o nosso principal foco: o plano de lutas da categoria para os próximos 12 meses.


Das duas alas majoritárias temos a situação capitaneada pelos profissionais da CUT e de outro lado os não menos profissionais ligados ao Conlutas. Ambas elegeram no voto cinco dirigentes cada uma – isto é, mediante o processo eleitoral aprovado em forma de regimento –, além de mais uma vaga cada em manobra de plenário que se estendeu até as primeiras horas do dia 1º de maio de 2013. As outras duas chapas elegeram três dirigentes, sendo de um lado, o Movimento Viva Voz – filial da Ala majoritária da situação – ou seja, Cutistas. E do outro lado, uma quarta via, formada por integrantes que, cansados de verem a interferência de partidos políticos e suas respectivas centrais sindicais madrinhas na direção da nossa Fenajufe elegeram também três novos dirigentes, ressaltando a eleição do presidente do Sinjufego João Batista, que levou a tese mais democrática para o 8º Congrejufe, assinando-a juntamente com o Oficial de Justiça Federal Eduardo do Valle, que foi a tese de eleição direta da base para os dirigentes da Fenajufe.


Durante o 8º Congrejufe, tivemos também uma palestra do Frei Betto, histórico militante de esquerda que ajudou a organizar a luta contra a ditadura militar (1964-1985) nas Comunidades Eclesiais de Base. Foi também, nos dois primeiros anos do governo Lula (2003-2006) o responsável pelo programa Fome Zero. Tal palestra deveria ser um refrigério para a ala majoritária e situacionista da Fenajufe, pois, a um homem ligado às entranhas do PT davam certo que ele faria um discurso pró-governo Dilma ou pró-CUT e outros aliados. Porém, o que se viu foi um tiro que saiu pela culatra, haja vista que o escritor Frei Betto disse: “O PT abandonou um projeto de Brasil para ter um projeto de Poder” e quando ele saiu do governo, deixando o programa Fome Zero, o fez porque esse projeto, na opinião dele, tinha um caráter “emancipatório”, onde os municípios tinham comitês gestores para definir as famílias que receberiam o auxílio, mas por pressão dos prefeitos de 2.600 municípios até então atendidos pelo Fome Zero, que “foram ao Planalto” reclamar que os comitês geravam novas lideranças locais e os recursos não passavam pelas prefeituras, o então presidente Lula cedeu, Frei Betto saiu do governo e foi criado o então Bolsa Família, que na avaliação do palestrante passou a ser um programa “compensatório e fantástico do ponto de vista eleitoral”.


A única grande vitória da categoria, por maioria, foi a decisão plenária de desfiliação imediata da CUT, central sindical governista que antes defendia “com unhas e dentes” os trabalhadores do Brasil, agora veste a camisa de um governo que está dando as costas para os trabalhadores, notadamente do serviço público federal.


No quesito representação de Oficiais de Justiça Federais na direção da Fenajufe, foram eleitos como titulares: Pedro Aparecido e Joaquim Castrillon e, como suplentes, Iracema Pompemayer e João Evangelista. Antes tínhamos quatro titulares, agora somente dois.

A nossa categoria de servidores não suporta mais este formato de congresso, que está engessado, sendo usado como massa de manobra por interesses espúrios da categoria, sem a devida rotação de seus dirigentes, como que uma escola de profissionais sindicalistas partidários, que tomam decisões sem respeitar a base da Federação. Chegou a hora do voto direto da base, de um formato de congresso voltado para o Plano de Lutas da Categoria, posse dos novos dirigentes eleitos e talvez a prestação de contas. Conjunturas, palestras e moções deveriam ficar para um seminário específico.


* Fúlvio Luiz de Freitas Barros é diretor jurídico da ASSOJAF-GO, delegado eleito no Sinjufego para o 8º Congrejufe e esteve durante todos os dias do congresso em Caeté (MG).

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